Com a verdade se baralha
Começo por dizer que respeito a Maria Teixeira Alves, apesar de tudo. Porque escreve de forma desbragada, sem pudores, com alguma inocência até. Senão veja-se a forma como assume, neste post, o mais acrítico e enraizado maniqueísmo. A Maria Teixeira Alves é mais direitolas que o João Gobern benfiquista. É fé, certamente, para merecer loiça exibindo as peles da Thatcher e uma caneta da sorte no dia de ir deitar voto na urna.
Reza assim: "Começo por dizer que tenho admiração intelectual por Daniel Sampaio, apesar da sua ideologia política. Não fosse esta e seria uma referência minha de pensamento. Mas esta ideologia política (de esquerda) de Daniel Sampaio não se pode ignorar, porque de certa maneira corrompe a sua inteligência, ou, se preferirem, o seu pensamento."
A Maria Teixeira Alves é uma verdadeira jihadista da sociologia. Considera que "se há uma coisa que tem de ser provada é a realidade criada socialmente". Eu não sou tão radical. Deus me livre (força de expressão) começar agora a questionar os avanços sociais dos últimos milénios. Imagine-se pedir prova da evolução feita até aqui. Imagine voltarmos às tribos pré-românicas, obrigado eu a caçar e destinada a Maria a colher raízes, para no fim oferecermos metade da colheita em sacrifício a divindades duvidosas. Eu, cá pra mim, isto da realidade criada socialmente está bom de ver. O povo criou leis que vão contendo os acessos da natureza, inventou um deus misericordioso que bem dadas as cambalhotas lá acolhe o pecador e, de caminho, inventou a fartura apesar do óleo. Em suma, estou muito satisfeito, obrigado. Como não sou testemunha de jeová: não creio que o fim dos dias esteja próximo (nem creio que tal fim seja de interesse a deus nenhum). De maneiras que estou confiante que a realidade criada socialmente não acaba ao pedido de provas da primeira Maria Teixeira Alves que se arrepende da realidade criada socialmente que em má hora lhe conferiu o direito de voto.
Mas o que verdadeiramente me preocupa é um certo anti-clericalismo radical que se depreende dos seus raciocínios, quando afirma que "se há uma coisa que tem de ser provada é a realidade criada socialmente. Pois parece-me evidente que a realidade que emana da natureza não precisa de ser confirmada pelo método da experimentação científica." Bom, se fala da natureza não se refere certamente à homossexualidade, que todo o mundo sabe que é natural e ocorre em todas as espécies animais. Tal como é natural e humana a sua capacidade de amar filhos, pais, mães e irmãos. Poder-se-ia eventualmente considerar que tal condição, a homossexualidade, é doença, praga. Ainda assim, considerando o absurdo, não consta que tuberculosos, diabéticos ou insuficientes renais deixem de amar e estimar os seus entes mais próximos por força da doença. Maria Teixeira Alves, anti-clericalista subversiva, refere-se naturalmente ao celibato, essa realidade criada socialmente que subverte e nega radicalmente a realidade que emana da natureza e não precisa ser confirmada. Nos espíritos mais incautos radica a semente do demo...